Sobre os telhados e exibindo facões, presos ainda mantinham o controle da penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta, região metropolitana de Natal, nesta sexta-feira (20), mesmo depois da entrada de homens do Batalhão de Choque na noite anterior. Apesar de não ter havido mais confrontos entre presos do PCC (Primeiro Comando da Capital) e do Sindicado do Crime do Rio Grande do Norte, os detentos circulavam livres pelo complexo, com armas e celulares. Também usaram caixa de som, microfone e violão para fazer um culto religioso. Os cânticos eram ouvidos do lado de fora. Mesmo com os policiais dentro do complexo, o governo Robinson Faria (PSD) afirmou ainda não ter o número de mortos e feridos nos confrontos das duas facções.
A assessoria do governo disse não ter o número, que só deve ser conhecido após uma vistoria completa no presídio, o que ainda não tinha ocorrido. Seis feridos foram retirados da penitenciária, sendo três na noite de quinta (19) e outros três na sexta.
Esses últimos foram içados por policiais e socorristas que aguardavam nos muros. O trabalho de colocar os detentos na maca era feito por outros detentos. O major Eduardo Franco, da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, negou à Folha que os presos ainda tinham o controle da penitenciária e disse que, neste primeiro momento, a prioridade era evitar novos confrontos e fugas de presos. “Existe um problema de infraestrutura.
A PM vai entrar, fazer a separação e manter alguns isolados, mas agora está tudo destruído.” No entanto, a separação das facções continuava sendo feita pelos policiais que permaneciam nas guaritas encarregados de fazer disparos com munição não letal na hipótese de um grupo avançar em direção ao outro.
O major disse que as vistorias e buscas por armas e munições no presídio serão o próximo passo dos policias militares que já estão na unidade, mas não informou quando isso deverá ocorrer. Questionado sobre o trabalho de reconstrução, o governo afirmou ainda que deve ser analisado como isso ocorrerá e se serão necessárias mais transferências. Por enquanto, 220 presos ligados ao Sindicato deixaram o local.
Fonte: Folha de São Paulo