Os índices de violência têm crescido de forma espantosa, onde a cada vez mais ficamos completamente impactados com os acontecimentos que chegam aos nossos olhos. São histórias pesadas que promovem indignação e mal-estar. Rapidamente julgamos os envolvidos, cada qual comparando esses casos de acordo com suas referências pessoais.
O que um grande número de pessoas não percebem, é que o comportamento reflete um mutual ato, tanto a vítima, quanto o agredido. Difícil enxergarmos isso com imparcialidade e frieza, e podemos até entender no racional, mas o emocional é sempre muito difícil aceitar. Estamos imersos em uma cultura onde o ódio e a violência têm submergido com muita facilidade, e a desestruturação é tão grande que nada impede do outro mostrar o que está sentindo, manifestando isso de forma explícita.
Mas o que dizer da exceção que está se transformando em norma? Como entender o ato agressivo, violento, delinqüente e anti-social, em uma perspectiva mais humana? Como não “amenizar” o social, retirando de nós a responsabilidade pela sociedade que estamos construindo? Concomitantemente, como não equiparar a mente agressiva para entender um distúrbio social? Reduzir nosso entendimento a apenas uma perspectiva significa empobrecê-la, uma vez que a compreensão do outro remete-nos sempre a diferentes significados.
Diariamente, observamos os jornais anunciando números crescentes de crimes e fatos estarrecedores. Temos ainda ações cometidas em nome das intolerâncias religiosas, sobretudo, contra de matriz africana, gays, mulheres, cancelamento nas redes sociais, ataques aos três poderes nacionais, onde muitos enfatizam a violência contra pessoas ou feitos. Esse fato cria novos comportamentos, e o principal deles é o medo. Ele altera nosso comportamento social influenciando, inclusive, as opiniões fortes, protestos, discursos de ódio, entre outros movimentos que trazem como consequência a segregação.
O que não nos atentamos é que violência gera mais violência. A nossa consciência sobre ela está maior e a cada dia vamos “pegando gosto” por ela. Existem as leis de proteção e combate, mas ainda há muito a se alcançar. É preciso acabar com a intolerância, acabar com a crença de que os direitos de uns são diferentes do que de outros, exterminar a ideia de que qualquer argumento possa justificar um ato de violência ou ódio.
O crescimento exacerbado gera um sentimento de impunidade ou de que estamos vivendo em um mundo completamente agressivo, e isso torna-se um perigo, pois conforme o sentimento negativo cresce, vamos criando uma população cada vez mais assustada e omissa, e isso, em uma sociedade tecnológica, não haverá limites e nem projeções em que podemos nos tornar futuramente.
Da Redação / Portal Araçagi