Os intelectuais ficaram desesperados com as redes sociais. Antes, só eles era detentores do discurso, da “verdade”. Todo conteúdo era produzido por eles, monopolizado por eles, e muitos, pobres mortais, eram os ignorantes, a quem eles diziam como deveriam pensar. Agora acabou. A opinião de um leigo, conta tanto quanto a dele. E muitas vezes, a opinião deste intelectual, pouco importa. Consumimos o que queremos, pensamos o que quisermos, e opinamos como quisermos – Parece um discurso de ódio, concorda? Porém retrata o verdadeiro sistema do ser e existir atual. “Se existo, logo digo o que penso, e quem achar ruim, vá a m….!”

Agora estamos aqui, da pior forma, tentando redemocratizar mais uma vez as redes sociais, mesmo que de forma desonrosa ou até perdida. Mas há um problema que não é simples, o rumo já saiu do nosso alcance e estamos nos levando por informações sem pé e nem cabeça, totalmente agressiva.

O que não imaginamos é o seguinte; quando um intelectual expõe sua opinião, ela precisa ter fundamento e subsídios para defender uma tese ou elementos mínimos para compor um raciocínio que claramente deve passar pela antítese e finalmente formar uma síntese. Na internet, as pessoas falam sobre o que nunca leram, o que nunca estudaram e afinam absurdos sem fundamento e quando questionadas reagem de forma reacionária e abrupta, reação típica dos leigos, fazendo com que, infelizmente, transformando pouco a pouco na internet como um circo dos horrores ao alcance de todos.

Aí está a magia do uso das redes sociais, a liberdade de expressão diante dos fatos no lugar da passividade de recepção de dados e notícias das mídias impressas. Essa imensa capacidade interativa e de liberdade gera dificuldades para quem deseja controlar a opinião pública, já que a rede é um espaço criado e utilizado em que todos podem publicar suas opiniões, insatisfações, pensamentos e sentimentos em relação ao mundo.

Diante dos últimos acontecimentos relacionados à crise política no Brasil, pôde-se perceber o poder do uso das redes sociais, que se mostraram enquanto local de mobilizações, manifestações e reivindicações. Notícias sobre as decisões do poder público, abaixo assinados, e até memes sobre toda a situação do país viralizaram e ganharam força na mídia. A luta, independentemente de partido político, mostrou-se protagonizada por grupos com objetivos bem definidos.

Veracidade dos fatos? Apenas a minha verdade é absoluta!

É fato, que hoje muitos analfabetos funcionais, conseguiram o tão sonhado diploma de cientista político, isso graças as redes sociais que fomentam discussões acaloradas e até brigas que chegam aos tribunais do Brasil inteiro, pela intolerância e radicalismo, pelo bem do meu povo, seja ele de direita, ou de esquerda. O que importa é comprovar que estou certo e que minha opinião vai calar a sua.

Graças (ou a desgraça), deste fenômeno, observamos um grande número de amizades desfeitas, discussões acaloradas em espaços presenciais e digitais, intensa polarização entre a militância das distintas campanhas, radicalismos, extremismos de toda ordem e um elevado grau de intransigência parecem ter caracterizado boa parte das discussões que ouvimos, vivemos ou testemunhamos nos últimos meses.

Então, quando as pessoas são levadas a participar de alguma polêmica, muitas vezes adotam um comportamento impulsivo, replicando informações em grande quantidade em suas próprias redes, contribuindo para o sentimento coletivo de urgência e eliminando o tempo da reflexão. E como os filtros agem mecanicamente, retirando boa parte do conteúdo contrário, o resultado pode ser o estabelecimento de um consenso artificial e perigoso. Daí as reações, muitas vezes enraivecidas, quando alguém na nossa rede ousa desafiar o bom senso.

O poder da informação é ilimitado, por isso nós usuários devemos usufruir os conteúdos postados em redes sociais com cuidado, verificando sempre a veracidade da informação, e mais que isso devemos ter um pouco mais de respeito ao próximo ao entrarmos em debates, levando sempre em consideração a famosa liberdade de expressão, que a tempos vem sendo banalizada e pouco usada.

 

Escritos de Jefferson Procópio – Bacharelando em Direito com Extensão em Ciência Política
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