Optar por viver a liberdade não é uma tarefa fácil, principalmente quando se chega a “desistir de tudo” para sair por aí, sem destino certo, apenas para experienciar tudo o que a zona de conforto não permite. Assim foi a decisão de Jesse Koz, um aventureiro que resolveu viajar o mundo acompanhado do seu cachorro, Shurastey.
Essa é a história de um sonhador que pôs em prática o desejo de descansar, aproveitando a vida conhecendo países, sem compromisso com trabalho, com horários, patrão ou rotina. 2017 foi o ano em que o catarinense, Jesse Koz resolveu seguir um novo estilo de vida. O cansaço oriundo daquela mesmice de todo dia, praticamente sem vida social e vivendo boa parte dos seus dias dentro de um shopping, o fez ter a coragem que muitos não têm: aventurar-se mundo a fora, a bordo do seu “Dodongo” 1978, um Fusca que o levou a lugares incríveis.
Acredito que muitas situações estressantes do dia a dia podem levar muitas pessoas a ter o mesmo pensamento do jovem aventureiro. Abrir mão de tudo o que tem para viver um sonho não é pra qualquer um, concorda comigo, caro(a) leitor(a)? Pois bem! Existe quem tem essa coragem.
Sua aventura começou em 2017, quando decidiu que iria fazer história, nem que fosse pra ele mesmo. Seria muito mais fácil deixar seu fiel companheiro de quatro patas para trás, assim como fez com a sua vida tradicional, com casa, trabalho e fim. Mas não! O amor verdadeiro também é vivido na amizade entre o homem e os animais. Shurastey entrou nessa e foi ser feliz também, pois ele não era besta!
Cidades, estados, países, calor, neve, outros viajantes, pontos turísticos que muitos só veem pela internet… Tudo eles viram desde então. De cá, o público que os seguia viam a nova rotina da felicidade dos dois. Esse é um ponto importante que merece destaque. O poder que a internet tem de aproximar vivências como a de Jesse é algo assustadoramente maravilhoso, pois até com um dinheirinho as pessoas ajudavam para que o rapaz conseguisse chegar até o Alasca, lugar onde pretendia chegar ainda esse ano.
A sequência de postagens nas redes sociais feitas por Jesse destacava outros sonhos que queria realizar, como o de ter uma casa no campo, onde poderia pendurar as fotos que tirou com seu amigo da raça Golden Retriever. “Um carrossel de fotos para serem penduradas na minha casa de campo pra quando eu tiver 80 anos ficar relembrando cada momento ao seu lado, meu amigo!”
Fico me perguntando por que minhas lágrimas insistem em cair e tamanha tristeza invade meu coração, ao saber que esses dois seres partiram juntos para uma viajem sem volta, se eu nem ao menos os conhecia. Talvez seja a tal da sensibilidade ao identificar-se na dor do outro. Na dor que eu nem sei se eles sentiram quando Dodongo findou sua quilometragem ao deparar-se com outro veículo.
Conhecidos por muita gente e desconhecidos por outro tanto de pessoas, a história desse trio ficou conhecida por todos os cantos onde as notícias puderam chegar, mas não de forma feliz. Como o próprio Jesse escreveu no último dia 22, finalizando um texto que escreveu abaixo da última foto que publicou: “Agora deixa eu preparar meu café da manhã, desarmar a barraca pra gente poder seguir viagem”, eles seguiram viagem para sempre. Felizes e realizados.
Jesse fez a sua felicidade. Dizia que, daqui alguns anos, queria sentir que a sua vida valeu a pena. E eu acredito que isso foi possível. A vida valeu a pena pra ele.
Um rapaz de 29 anos mostrou para o mundo que sonhos são possíveis, que a felicidade está onde há coragem de viver. Que a amizade está onde encontramos amigos puros de coração, seja gente ou bicho. Que o cansaço é um divisor de águas na nossa qualidade de vida e na sabedoria em saber escolher o que é melhor pra si.
A morte finda tudo, menos a essência de quem se foi, pois a existência dos dois deixou o mundo mais feliz durante muito tempo. Se foi Deus que quis, nunca saberemos. Mas eu acredito que a felicidade de um homem e de um cão que seguiram as estradas da vida no seu pequeno fusquinha, se expandiu para além das estrelas.