Cantores e atores globais subiram a um palco montado no centro do Rio, neste sábado (28), pedindo a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No início do evento, fiscais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio recolheram panfletos e materiais que, para o órgão, configuravam campanha antecipada.
Lula está preso desde abril, condenado a 12 anos e um mês por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex. Na última pesquisa Ibope do fim de junho, liderava as intenções de voto, com 33%, à frente de Bolsonaro (15%), Marina (7%) e Ciro (8%).
Chico Buarque e Gilberto Gil encerraram o evento, já no início da madrugada deste domingo (29) e reeditaram um momento histórico ao entoarem a composição Cálice, no momento mais aplaudido da noite. Os dois haviam cantado a música juntos pela última vez em 1973, quando foram censurados pela ditadura.
No período militar, os cantores trocaram a letra para burlar o cerceamento, mas ainda assim o microfone de Chico acabou sendo cortado para impedir a interpretação. em 1973, durante o festival Phono 73. Desta vez, os artistas contaram um coro da plateia e dezenas de artistas que participaram do festival.
Chico Buarque foi um dos idealizadores do evento, enquanto Gilberto Gil exerceu o cargo de ministro da Cultura entre 2003 e 2008, durante o governo do ex-presidente. Mesmo debilitada, em uma cadeira de rodas, a cantora Beth Carvalho também foi uma das artistas que subiram ao palco e entoou o samba “o povo diz, nós
queremos Lula presidente do país”
“Nós todos aqui estamos reivindicando que Lula fique livre e que ele seja candidato. Ganhar ou perder é um resultado”.
De dentro da prisão e sem aliança com outros partidos, Lula continua coordenando o PT e mantém discurso de pré-candidato. Proibido de dar entrevistas na prisão, manifesta-se por meio de cartas. Sob os arcos da Lapa, símbolo da boemia carioca, o evento intitulado “Lula Livre” reúne centenas de apoiadores do petista, muitos com camisetas vermelhas e máscaras de rosto com fotografia do ex-presidente.
O cantor Chico César, outro dos músicos presentes, disse que “a partir do impeachment de Dilma, depois com a prisão de Lula, há um sentimento de fragilização da democracia”. “Grupos sem nenhum caráter, ligados às bancadas da bala, boi, bíblia, droga, se uniram para dominar o Brasil, tirar seu quinhão e vender
o Brasil para o exterior”, completou.
Uma das primeiras a se apresentar, a cantora Ana Cañas cantou “O Bêbado e o Equilibrista” – canção que, segunda ela, Lula diz representar sua vida. Ana ainda lembrou a vereadora Marielle Franco, assassinada em março e que faria 39 anos na última sexta-feira (27). Pouco antes de subir ao palco e anunciar que cantará “Eu vou tirar você desse lugar”, o cantor Odair José questionou a prisão de Lula. “Estou convencido de que o ex-presidente Lula sofre uma injustiça, e que o povo brasileiro sofre um desrespeito”, afirmou.
TRE Rio apreendeu materiais. A tarde começou marcada por polêmica. Fiscais do Tribunal Regional Eleitoral apreenderam materiais da deputada federal Jandira Feghalli (PCdoB) e do deputado estadual Gilberto Palmares (PT).
Feghali classificou o ato de “arbitrariedade”, e o tribunal diz que os itens apreendidos configuravam campanha eleitoral antes do prazo legal. Campanhas com adesivos, panfletos com nomes de candidatos estão autorizadas apenas em 16 de agosto.
Fonte: UOL