A Polícia Federal quer usar cooperação internacional com o Reino Unido e os Estados Unidos no inquérito que investiga a conduta do presidente Jair Bolsonaro ao divulgar fake news que associavam a vacinação contra Covid a um risco ampliado de desenvolver Aids. Essa relação não existe.

O inquérito foi aberto no dia 3 de dezembro por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mas a Polícia Federal só instaurou a apuração no dia 23 de fevereiro.

A delegada responsável pelo caso, Lorena Nascimento, afirmou que, entre as medidas iniciais, será preciso que a Coordenação-Geral de Cooperação Internacional:

  • busque junto ao Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido, com vistas responder se o referido país teria divulgado em seus sites oficiais a informação de que “os totalmente vacinados […] estão desenvolvendo a síndrome de imonudeficiência adquirida muito mais rápido do que o previsto”;
  • busque junto ao Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas – NIAID, dos Estados Unidos, para saber se existe alguma publicação de profissionais que compõem o instituto, em especial do médico imunologista Anthony Fauci do NIAID, concluindo que a maioria das mortes da gripe espanhola tenham acontecido devido a uma pneumonia bacteriana secundária, e que a proliferação essa bactéria esteja associada ao uso de máscaras.

De acordo com a delegada, Bolsonaro é investigado pelos crimes de epidemia, de infração de medida sanitária preventiva e de incitação ao crime.

A PF vai analisar ainda a confiabilidade dos sítios eletrônicos que serviram de base para as informações replicada pelo presidente da República na mencionada transmissão; ou seja, se existem relatos em outras fontes de informação sobre tais sítios serem conhecidos por transmitirem informações verdadeiras ou fake news.

Transmissão na internet

 

A notícia falsa foi divulgada pelo presidente em uma “live” nas redes sociais no dia 22 de outubro, e desmentida pelo Fato ou Fake, por especialistas e por outras plataformas de checagem nas horas seguintes. A “live” de Bolsonaro foi retirada do ar por Facebook, YouTube e Instagram.

Na transmissão, Bolsonaro disse que relatórios oficiais do Reino Unido teriam sugerido que pessoas totalmente vacinadas contra a Covid estariam desenvolvendo Aids “muito mais rápido que o previsto”. A afirmação é falsa, e não há qualquer relatório oficial que faça essa associação.

Na semana seguinte, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, reafirmou que as vacinas usadas no Brasil são seguras, e que nenhuma delas aumenta a “propensão de ter outras doenças”.

O inquérito foi aberto por Moraes, que criticou a Procuradoria-Geral da República que informou ter aberto apuração interna.

O ministro do STF afirmou que não caberia à Procuradoria-Geral da República abrir apuração interna já que o STF foi provocado a partir de uma notícia-crime contra o presidente e afastar a supervisão judicial.

Segundo o ministro, é preciso apurar a relação entre essa fake news e a atuação de uma suposta organização criminosa investigada pelo Supremo e que envolve aliados do presidente Bolsonaro.

G1

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