Dragões da Real foi a última escola a desfilar pelo grupo especial do Carnaval de São Paulo neste primeiro dia

A primeira noite de desfiles no Sambódromo do Anhembi, zona norte de São Paulo, terminou por volta das 7h30 deste sábado, 23. Sete escolas voltaram à avenida com muito brilho e samba no pé, depois de dois anos sem Carnaval por causa da pandemia de Covid-19. Acompanhe abaixo como foi a passagem de cada agremiação.

Dragões da Real

Já com o amanhecer do sol neste sábado, 23, a Dragões da Real foi a última escola a desfilar pelo grupo especial do Carnaval de São Paulo neste primeiro dia. A Dragões neste ano trouxe como enredo a vida e obra do compositor Adoniran Barbosa. Um dos netos do artista, Alfredo Rubinato está, inclusive, entre os 11 autores do samba-enredo.

Com o enredo denominado ‘Adoniran’, a escola levou 2.200 integrantes para o sambódromo, quatro carros alegóricos e 22 alas para encerrar o primeiro dia do carnaval paulista fora de época.

”A Dragões da Real vem sacudir o túmulo do samba e despertar o seu grande poeta Adoniran Barbosa, com o desfile onde retrataremos as músicas deste grande compositor e a sua relação com a cidade de São Paulo”, resumiu o diretor de carnaval da escola.

Acadêmicos do Tatuapé

Quinta escola a desfilar neste sábado, 23, com o enredo ”Preto Velho conta a saga do café num canto de fé”, a Acadêmicos do Tatuapé, diretamente da Zona Leste de São Paulo, entrou no Sambódromo do Anhembi para contar a importância do café para o Brasil por meio da simbologia do Preto-Velho.

O Preto Velho – entidade da umbanda – chegou no abre-alas para contar a trajetória do café, despedindo-se ao fim do desfile nos braços de Iemanjá. Com as cores azul e branco, a Tatuapé foi a penúltima a se apresentar e trouxe 2.100 integrantes, quatro carros alegóricos e 18 alas.

Previsto para começar às 3h55 da manhã, com o atraso da Vila Maria, a Acadêmicos do Tatuapé somente iniciou seu desfile por volta das 5h e ainda durante sua apresentação já era possível ver o dia amanhecer na capital paulista.

Apesar de parecer que não conseguiria cumprir o tempo máximo permitido, com um dos carros tendo problemas para manter o ritmo, a escola conseguiu cruzar o final da avenida com 1h e 3 minutos, a dois minutos do limite do tempo.

Unidos de Vila Maria

Com o enredo ‘O mundo precisa de cada um de nós’, a Unidos de Vila Maria teve de aguardar quase uma hora para finalmente ser a quinta escola a desfilar na avenida do Sambódromo do Anhembi. Os problemas começaram com a limpeza da pista, que estava suja com óleo após a passagem da Tom Maior. Com isso, até que o procedimento fosse finalizado, intérpretes da escola cantaram sambas enredos de anos anteriores para não deixar a animação dos integrantes cair.

Mas as dificuldades para a Unidos de Vila Maria começar a sua apresentação não pararam por aí. Um problema com um pneu do veículo que carregava o gerador de energia do carro abre-alas da escola também fez com o desfile atrassasse ainda mais para começar.

Além disso, ainda antes da apresentação, uma integrante passou mal e precisou ser atendida. Segundo pessoas que ajudaram a mulher, ela teve um queda de pressão.

A demora para o desfile fez até com que uma cena inusitada fosse registrada: o mestre-sala e a porta-bandeira da escola ficaram sentados aguardando início da apresentação. “Nunca vivi isso, de esperar foi a primeira vez. Confesso que é desgastante, é cansativo, mas o show tem que continuar”, afirmou Laís Moreira à TV Globo.

Quando tudo foi resolvido, a escola pôde finalmente enviar seus 2.100 integrantes para a pista, além dos quatro carros alegóricos e 17 alas, com referências ao Império Romano, à religiosidade e com alegorias que traziam figuras do catolicismo como São Lázaro e Nossa Senhora Aparecida e à importância da biodiversidade.

Apesar de todos os empecilhos antes do desfile começar, a escola finalizou sua apresentaçào sem maiores intercorrência, com três de antecedência do tempo limite.

Tom Maior

Quarta escola a desfilar na avenida, a Tom Maior trouxe como samba enredo “O Pequeno Príncipe no Sertão”, uma transposição da história de “O Pequeno Príncipe” para o sertão nordestino, inspirada em um cordel de Josué Limeira e Vladimir Barros.

Com as cores vermelho, amarelo e branco, no total 1.700 integrantes participaram da apresentação, que contou com 16 alas e 4 carros alegóricos.

“A Tom Maior para o Carnaval 2022 traz para a avenida ‘O Pequeno Príncipe no Sertão’, uma viagem alegre, irreverente, lúdica e com um final feliz”, explicou o carnavalesco da escola, Flávio Campello.

Um dos diferenciais da Tom Maior foi o fato de 100% dos tecidos utilizados terem sido estampados pela própria escola. Segundo o carnavalesco da agremiação, a escolha foi derivada por problemas causados pela pandemia, mas que, com isso, pôde dar maior identidade à escola.

Sem intercorrências, a Tom Maior chegou ao final da avenida dentro do tempo de 1 hora e 5 minutos.

Mancha Verde

A Mancha Verde teve problemas com o carro abre-alas e iniciou o terceiro desfile da noite com pelo menos 11 minutos de atraso. Tempo que poderia impactar a escola no quesito evolução e até fazê-la extrapolar o máximo permitido, que é de 1 hora e 5 minutos, no entanto a escola conseguiu terminar o desfile e cruzou o portão do sambódromo faltando um minuto para o tempo limite.

O braço do boneco principal caiu, mas foi consertado antes de entrar na avenida.

Com o enredo “Planeta Água”, a escola da zona oeste traz uma reflexão sobre a importância da preservação e valorização do recurso natural.

Ao todo, serão 2.200 integrantes, 18 alas e 4 carros alegóricos. E com a ausência de Viviane Araújo, que por causa da gravidez decidiu concentrar sua participação no Carnaval no Rio de Janeiro, a princesa Duda Serdan, 17, é a única musa a brilhar à frente da bateria.

“Vivi fez uma falta imensa. Nós nos entendíamos só pelo olhar. Mas tenho certeza que ela brilhou muito lá no Rio de Janeiro”, disse Duda ao final do desfile, que ressaltou que o desempenho da Mancha superou as suas expectativas.

Colorado do Brás

Segunda a pisar na avenida do samba paulistano, a Colorado do Brás fez uma homenagem a “Carolina, a cinderela negra do Canindé”.

A história da escritora Carolina Maria de Jesus – uma mulher preta que catava papelão para viver até lançar seu best seller ‘Quarto de Despejo: Diário de uma favelada’ – foi contada por 1.800 componentes, em 19 alas e 4 carros alegóricos.

A escola trouxe críticas sociais e ressaltou “o povo da rua”. Para construir o seu carro abre-alas, chegou a usar duas toneladas de papelão recolhidas na região central de São Paulo.

Camila Prins, a primeira rainha de bateria trans do Carnaval de São Paulo, foi o grande destaque do desfile. Os portões fecharam com 1 hora e 4 minutos de desfile, apenas um minuto de folga.

Acadêmicos do Tucuruvi

Com uma aula sobre a história do samba, a Acadêmicos do Tucuruvi abriu a maratona dos desfiles paulistanos por volta das 22h30. E passou com tranquilidade pelo Anhembi.

A escola da zona leste trouxe reflexões sobre o passado, presente e futuro do carnaval com o enredo “Carnavais… De lá pra cá, o que mudou? Daqui pra lá, o que será?”.

Pelo terceiro ano consecutivo, Cíntia Mello veio à frente da bateria como rainha e não escondeu a emoção da volta da escola ao Grupo Especial.

Com a coreografia de Fernando Lee, A Comissão de Frente chamada “A Força da Nossa Raiz Ninguém pode Calar” ilustrou a ancestralidade do carnaval e enviou um recado nas saias dos dançarinos: “Sou resistência”.

A Tucuruvi também manteve a tradição e trouxe dois homens na ala das baianas.

Fonte: Terra

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