Esse hábito é chamado de onicofagia e atinge homens e mulheres de todas as idades, mas principalmente crianças e adolescentes.

BRUNA GONÇALVES

Roer a unha pode parecer normal. Mas muitos desconhecem os danos que pode causar à saúde se isso se tornar um hábito compulsivo. É a chamada onicofagia, que atinge homens e mulheres de todas as idades, sendo mais comum em crianças e adolescentes.

Para a psicóloga clínica de São Paulo Marina Genova, isso não é considerado um distúrbio, mas um sintoma de que algo não está bem. “Na psicologia é dito como um fenômeno subjetivo, que podem ser pensamentos, comportamentos, um sinal de que alguma coisa possa estar causando muito sofrimento, ansiedade e angústia”, explica.

Além disso, a psicóloga explica que há estudos que abordam a onicofagia. “Estes dizem que esse hábito pode estar intimamente relacionada à compulsões, ou seja, comportamentos adotados no alívio da ansiedade. Também pode associar-se a depressão”, ressalta.

Outro motivo que leva as pessoas a roerem as unhas é o nervosismo. O analista de suporte de Santo André João Ângelo de Marchi Junior, de 22 anos, sabe bem disso. “Quando fico nervoso com alguma coisa é a hora que mais fico roendo as unhas”, diz.

O ato de levar a unha até a boca pode causar o seu desgaste, ocasionar cáries e até uma infecção. Para o dermatologista do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André, Valter Claudino, os problemas vão além da estética. “Além disso, esse ato estará eliminado a barreira de proteção da unha dando oportunidades à entrada de bactérias e fungos, ocasionando as infecções secundárias”, afirma.

A tecnóloga de Santo André Aline Cantão Lima, de 22 anos, é um exemplo. Ela roe as unhas desde criança e já provocou até sangramentos. Aos 15 anos teve depressão o que a fez roer mais ainda. No mesmo ano, surgiu a gastrite e, por isso, teve que começar a se controlar.

Com a depressão, eu ficava muito triste e ansiosa e roia muito as unhas, mas como tomava remédios para isso e para a gastrite tive que me controlar porque eles eram extremamente fortes”, relata. Para ajudar, ela passava esmalte com cheiro e gosto ruim. “Mas não adiantou, porque me acostumei e continuei roendo”.

Aos poucos Aline está parando de roer as unhas. “Recentemente, consegui pela primeira vez pintar a unha de francesinha, parece besteira, mas para mim foi uma conquista”, comemora.

Recomendação – A psicóloga explica que o acompanhamento psicológico é bastante valioso e aconselhável para as pessoas que sofrem com isso. “Psicoterapeuta e paciente, poderão trabalhar e descobrir o que está por trás da ansiedade que eventualmente está desencadeando aquele sintoma, além de observar outros conteúdos que fazem o paciente ser quem é”, afirma.

Ela ainda conta que produtos com gosto desagradáveis para passar nas unhas e evitar que sejam roídas, podem até amenizar. “Esse efeito será por um determinado período, porque na verdade o sintoma reaparecerá na mesma forma ou apresentado sob outra, que poderá ter também um caráter de automutilação ou não”.

Fonte: Metodista

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