A Polícia Civil da Paraíba levou ao conhecimento do público, no final da tarde desta terça-feira (30), os detalhes do crime que chocou o Estado no dia 20 deste mês, quando duas mulheres e um bebê foram sequestrados e uma delas foi assassinada numa estrada de terra em Goiana-PE. O inquérito que culminou na prisão dos dois suspeitos foi presidido por três delegados: Roberta Neiva, Valter Brandão e Felipe Ribeiro.
Os acusados são Ivar Pedro da Silva, 43 anos, e Leonardo José de Sousa, 22 anos, conhecido como “Mago Leonardo”, pernambucano e paraibano, respectivamente. A polícia apurou que Ivar foi o autor tanto do estupro quanto do homicídio, enquanto o “Mago Leonardo” participou do roubo, que foi a primeira parte do crime. A mãe da criança teria amamentado o filho antes de ter sido estuprada, conforme as investigações.
Planejamento do crime – O delegado Valter Brandão destacou que o planejamento do crime começou por volta de 17h30 daquele dia. “Eles se encontraram num bar no cidade Verde para tramar outro assalto. Ao passar de frente à casa da Glória, iniciaram a escalada criminosa”, disse.
As vítimas, segundo as investigações, foram abordadas na frente da casa de uma delas no bairro dos Bancários, na zona sul de João Pessoa. De acordo com a delegada Roberta Neiva, durante depoimento, a vítima que sobreviveu contou que “estava na frente da casa de Glória quando dois homens em uma moto se aproximaram e anunciaram o assalto. A vitima relatou que se dispôs a entregar o carro, mas eles as pressionaram a entrar no veículo. Um deles assumiu o a direção e o outro os seguiu numa moto”.
“Ao chegar na BR-101, houve um desentendimento entre os acusados e nessa discussão o que estava no volante seguiu com as mulheres enquanto o outro tomou destino ignorado”, explicou Neiva.
Ela prosseguiu: “O que continuou com as vítimas informou que as levaria até uma estrada de barro que fica na ladeira de Goiana, entrando à direita. Ambas tinham a perspectiva de que seriam liberadas no local indicado pelo acusado”, disse.
“Neste canavial, o homem sacou a vítima Glória e praticou o ato sexual. Então, ele a colocou na mala do veículo, enquanto a vítima e o bebe estão no carro. A vítima sobrevivente amamentava o filho e pedia que ele libertasse Glória, que estava na mala”, ressaltou.
Depois de praticar o ato, o acusado amarrou as mulheres com as próprias roupas delas, conforme as investigações. “De maneira assustadora, depois de amarrá-las, ele passou os veículos por cima das vítimas, primeiro por cima de Caroline, que escuta a amiga implorando para não ser morta, depois por cima de Glória”, destacou a delegada Roberta Neiva.
A crueldade continuou, segundo os policiais. “Foram momentos de horror vendo o corpo da amiga e escutando o choro do filho. Machucada, mas completamente aliviada, por ouvir o choro do filho”, ressaltou Neiva.
Ao amanhecer, a vítima sobrevivente tentou por diversas vezes se levantar e ir até a BR-101, para pedir socorro, mas ela estava completamente dilacerada pela violência do dia anterior.
Choro da criança salvou mãe da tragédia – “O choro do bebê chamou a atenção das pessoas que passaram no local e isso os salvou. A partir daí, a mulher e a criança foram socorridas e as investigações tiveram início. A criança de seis meses também sofreu tentativa de homicídio”, revelou o delegado Felipe Ribeiro.
Acusados têm passagens anteriores pela polícia – O delegado Valter Brandão disse que após identificar os suspeitos, foram iniciadas as investigações da vida pregressa deles. Foi descoberto pela polícia que Ivar já havia cumprido medida sócio educativa por roubo de veículo, enquanto o “Mago Leonardo” respondia por vários crimes como assaltos e roubos. No momento, segundo a polícia, eles roubavam veículos na Paraíba e mandavam para Pernambuco.
A identificação – “Com base nos levantamentos constatamos algumas fotografias e que o Ivar possuía vários endereços, entre eles João Pessoa, Pedras de Fogo, Bayeux. Quando o prendemos fizemos a coleta do material genético das vítimas para confrontar com o dos acusados e foi possível identificar o Mago Léo. Ele atribuiu a autoria do crime a um cidadão conhecido como Márcio, que não se identificava com o que tínhamos, que era o Ivar. Mas depois constatamos que Márcio e Ivá eram a mesma pessoa”, explicou o delegado Valter Brandão.
Autor: Renata Nunes