Milhares de torcedores do Atlético-MG e do Botafogo se puseram na estrada rumo a Buenos Aires. O botafoguense Matheus Sampaio roda o Brasil e a América do Sul para acompanhar o Glorioso onde quer que ele vá, enquanto que o atleticano Andrew Sa saiu dos Estados Unidos apenas para torcer pelo Galo. Já a família botafoguense Elisei saiu de Volta Redonda e vai excursionar por 31 horas até a capital argentina. O Esporte News Mundo traz a história de tradição, amor à camisa e pé na estrada de torcedores que anseiam pela conquista da Glória Eterna.
Os alvinegros finalistas da Libertadores têm muito mais em comum do que apenas as cores que ostentam orgulhosamente e dos milhões de torcedores espalhados pelo planeta. As duas equipes, que se enfrentarão no próximo sábado (30/11), no Estádio Monumental de Núñez, se estabeleceram sobre as diversas adversidades e fizeram delas um mantra próprio.
O quão longe você iria para acompanhar o clube de coração? Ou melhor, de quão longe você sairia para vir acompanhá-lo? Andrew Sa (24) tem uma história de amor, tradição e frustração. O atleticano de berço, como gosta de dizer, o corretor de seguros diz que foi influenciado pela avó paterna Dona Olga, antes mesmo de aprender a falar. Ele conta que ela ficava na beira da cama dele ainda recém nascido repetindo o nome do mascote do clube: “Galo”.
— O objetivo dela era que a primeira palavra que eu falasse fosse Galo e funcionou. Eu nasci Atleticano e eu não poderia ser mais grato a Deus. Sabe aquela parte do hino ‘Uma vez até morrer’? Minha família leva isso muito a sério. Ser Galo Doido é bom demais’ — conta.
Ele se tornou um assíduo frequentador do Mineirão. Esteve junto do clube nos maus e bons momentos, até que a busca da Glória Eterna em 2013 pintou na frente dele. Junto do pai, o senhor Agnaldo, foram para a fila da bilheteria para tentar garantir ingressos para a final contra o Olímpia, mas foram surpreendidos por um duro golpe.
– Estávamos na fila para comprar nossos ingressos e infelizmente sofremos um assalto. Levaram nossos cartões de sócios e dinheiro e acabamos tendo que assistir a final de casa — lamentou.
Andrew espera uma nova oportunidade de assistir a uma final da Copa Libertadores da América há 11 anos. Em 2013, quando o Galo conquistou o torneio pela primeira e única vez, até então, ansiava por uma nova chance. Vivendo há dois anos nos Estados Unidos, consegue acompanhar o time de coração apenas à distância. Mas, nem os mais de 5 mil quilômetros que o separam do Clube Atlético Mineiro o impediram de apoiar e ser mais um de tantos no meio da Massa Atleticana.
Quando a estrela de Deyverson brilhou com os dois gols na Arena MRV para eliminar o Fluminense, nas quartas de final da competição, ele disse que não tinha dúvidas que iriam chegar a Buenos Aires. Ele conta que, imediatamente, ligou para os pais, pegou os dados deles e fez as reservas, antes sequer de enfrentar o River Plate.
— Liguei pra minha mãe, Dona Eunice, e já peguei as informações deles e reservamos as passagens também. Eu disse pro meu pai a seguinte frase: ‘Já perdemos uma final da Libertadores na vida, duas a gente não pode perder’ e assim fizemos esse sonho se realizar — disse.
Ciente da má fase que o time de Gabriel Milito atravessa, Andrew transfere a responsabilidade do favoritismo para o adversário. Mas se projeta no histórico de superar as adversidades do Alvinegro.
— Todo atleticano sabe que o jogo vai ser muito difícil. O Botafogo é um time muito qualificado. Mas é uma final de jogo único e tudo pode acontecer. O Botafogo é absolutamente o favorito, por mérito deles, mas o nosso elenco é recheado de jogadores vencedores e que sabem jogar finais. O Scarpa e o Deyverson foram campeões da Libertadores, em 2021, em um momento que o Palmeiras vivia uma fase similar ao que o Galo passa hoje. Eu presenciei partidas históricas do Galo, como a semifinal da Libertadores contra o Newell ‘s, em 2013, as quartas contra o Corinthians e a semifinal contra o Flamengo em 2014, pela Copa do Brasil. O Galo já me mostrou diversas vezes que consegue fazer o improvável. Eu acredito demais que seremos campeões — projetou.
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