- Montagem com fotos de oito dos condenados à morte por tráfico na Indonésia: acima, a partir da esquerda, os australianos Myuran Sukumaran e Andrew Chan, a filipina Mary Jane Veloso e o nigeriano Martin Anderson. Abaixo, os nigerianos Jamiu Owolabi Abashi e Sylvester Obiekwe Nwolise e o brasileiro Rodrigo Gularte. À direita, o francês Serge Atlaoui (Foto: AFP Photo)
Procurador-geral afirmou que fuzilamento será logo após a meia-noite local. Brasileiro Rodrigo Gularte e outras oito pessoas estão no corredor da morte.
O procurador-geral da Indonésia, Muhammad Prasetyo confirmou nesta terça-feira (28) que as execuções das nove pessoas condenadas à morte no país por tráfico de drogas será realizada depois da 0h de quarta-feira (29) no horário local – 14h no horário de Brasília. Entre os presos no corredor da morte está o brasileiro Rodrigo Gularte.
“A execução dos nove condenados se levará a cabo depois de meia-noite”, assegurou Prasetyo, segundo a France Presse.
O prazo de 72 horas dado pela justiça indonésia após o anúncio para os prisioneiros de que eles serão executados já terminou. Os nove condenados – oito deles estrangeiros – já estão na ilha onde a pena será executada, e a polícia local informou que tudo está pronto para os fuzilamentos..
A prisão de segurança máxima da ilha, situada ao largo da costa de Java, teve reforço na proteção nesta terça. Conselheiros religiosos, médicos e o pelotão de fuzilamento foram alertados para iniciar os preparativos finais para a execução, e uma dúzia de ambulâncias, algumas carregando caixões cobertos de cetim branco, chegaram ao local.
As execuções, que serão a segunda leva sob comando do presidente Joko Widodo, provocaram críticas internacionais e tensões diplomáticas com Brasil, Austrália, Filipinas e Nigéria, que possuem cidadãos no corredor da morte.
Widodo não concedeu clemência aos condenados, citando uma “emergência de drogas” no quarto maior país do mundo, mas disse que estava aberto à possibilidade de abolir a pena de morte no futuro.
Brasileiro
Segundo Angelita Muxfeldt, prima de Gularte, ele não sabe que poderá ser executado mas próximas horas. A brasileira contou que seu primo está muito calmo e ainda acredita que será solto.
Angelita visitou Gularte nesta terça. O governo Indonésio orientou as famílias dos presos a irem à prisão onde eles são mantidos. Segundo a imprensa local, eles foram orientados a se despedir dos condenados.
Angelita contou que não disse ao primo claramente o que deve ocorrer nas próximas horas e que ele não sabe o que vai acontecer, apesar de ter sido informado no sábado. Segundo a brasileira, ele tem delírios e não entendeu que será executado, nega que isso vá ocorrer e acredita que vai ser solto.
O brasileiro foi diagnosticado com esquizofrenia por dois relatórios no ano passado. Em março, uma equipe médica reavaliou o brasileiro a pedido da Procuradoria Geral indonésia, mas o resultado deste laudo não foi divulgado.
Familiares e conhecidos relataram que Gularte passa seus dias na prisão conversando com paredes e ouvindo vozes. Dizem que ele se recusa a tirar um boné, que usa virado para trás, alegando ser sua proteção.
O brasileiro passou 11 anos em prisões da Indonésia. Ele foi preso em julho de 2004 após tentar entrar na Indonésia com 6 kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe e foi condenado à morte em 2005.
Gularte poderá ser o segundo brasileiro a ser executado na Indonésia. Em janeiro, o carioca Marco Archer Cardoso Moreira foi fuzilado após ser condenado à morte por tráfico de drogas.
Como as execuções acontecem
Os prisioneiros são executados por um pelotão de fuzilamento, recrutado de uma unidade especial da polícia nacional.
Os atiradores são escolhidos com base em suas habilidades de tiro e “saúde física e espiritual”. Há aconselhamento antes e após as execuções.
Os condenados são levados para celas isoladas 72 horas antes da execução. Famílias e conselheiros religiosos são autorizados a visitá-los algumas horas antes da execução.
Os prisioneiros, que são vendados, têm a escolha de ficar em pé, ajoelhados ou sentados perante o pelotão de fuzilamento. Suas mãos e pés são amarrados.
Cada prisioneiro possui 12 atiradores mirando fuzis em seu coração. Somente três dos 12 possuem munição em suas armas. As autoridades afirmam que desta maneira quem executa não é identificado.
Uma equipe médica fica no local para confirmar a morte dos prisioneiros após as execuções.
Depois da confirmação, os corpos são limpos e entregues às famílias, que esperam do lado de fora do presídio durante a execução.
Fonte: G1