Greves afastaram mais de 15 mil alunos da Universidade Estadual da Paraíba entre 2013 e 2016. Os dados são da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) que registrou, nesse período, duas greves de professores e de técnicos administrativos da instituição. “O que temos constatado é que, pela falta de certeza sobre quando vão terminar os cursos, devido às greves, os alunos estão se desligando da UEPB e isso tem ocorrido com mais frequência a cada nova greve”, destacou professor Eli Brandão, pró-reitor de Graduação.
Em 2013, ano de greve, foram 3.471 estudantes que saíram da Universidade. Já em 2015, ano de nova greve e por longo tempo, esse número aumentou para 4.288 alunos solicitando cancelamento de sua matrícula. “A perspectiva é de que, ao fecharmos 2017, teremos um número ainda maior de evasão”, avalia o professor.
Eli Brandão explica que alunos que entraram na Universidade em 2013, por exemplo, já tiveram a conclusão do seu curso adiada para dois anos. “Isso quer dizer que vão demorar mais para estarem aptos ao mercado de trabalho e, consequentemente, seguirem seu planejamento de vida e crescimento profissional”.
O pró-reitor de Graduação da UEPB disse que com a atual greve, como o período 2016.2 ainda sequer foi concluído, não há garantias de quando irá ser iniciado e concluído o período 2017/1. “Estamos com o semestre irregular por causa das greves anteriores e com a situação se agravando com o atual m movimento deflagrado no início de abril último”.
Evasão também prejudica o ensino técnico – Esta preocupante realidade de saída de alunos percebida na graduação também é registrada no ensino técnico ofertado pela UEPB. Na Escola Agrotécnica do Cajueiro, em Catolé do Rocha, e na Escola Agrícola Assis Chateaubriand (EAAC), em Lagoa Seca, os índices de evasão são significativos. No campus IV, os dados da Escola Agrotécnica revelam uma perda de 24% do corpo discente somente este ano. Ao todo, 39 alunos cancelaram seu vínculo com a Universidade para ir estudar em outra instituição.
Conforme a professora Socorro Pinto, diretora adjunta da Escola que oferta o Ensino Médio e Técnico integrados, a justificativa dos pais e responsáveis dos estudantes que solicitam o cancelamento da matrícula institucional é a incerteza da conclusão do curso. “Eles têm medo de que, por causa da greve que atrasa o andamento das aulas, os filhos percam a oportunidade de ingressar na graduação por não terem concluído o Ensino Médio/Técnico. Então, eles têm colocado os filhos em outras escolas para que eles concluam os estudos e concorram no Enem/Sisu sem atrasos”, destaca a professora.
Na Escola Agrícola Assis Chateaubriand, no campus II, onde são ofertados os cursos técnicos em Agroindústria e em Agropecuária, os dados são ainda mais alarmantes. A evasão na unidade gira em torno de 40%, segundo o professor José Félix de Brito Neto, diretor da EAAC. Ele conta que os períodos irregulares, por causa das greves, têm prejudicado também a formação de novas turmas e cita como exemplo as matrículas 2017 para as turmas dos cursos técnicos. De um total de 300 vagas ofertadas, não foi possível preencher sequer a metade.
“Muitos alunos fizeram a pré-matrícula, mas como se deu a greve e ficou a incerteza de quando as aulas iriam começar eles não confirmaram a matrícula. A alegação é sempre a greve, que gera insegurança sobre os estudos dos jovens que, quanto mais tempo levam para concluir os cursos mais tempo vão levar para ingressarem no mercado de trabalho e, com isso, são prejudicados em seus planejamentos. Então, para não ficar muito tempo parados, sem estudar, os alunos acabam deixando a EAAC e indo para outras escolas, onde não enfrentem a instabilidade por causa das constantes greves”, conclui professor José Félix.
Fonte: ClickPB