Pela terceira vez consecutiva, o Ensino Fundamental (anos finais) e o Ensino Médio das escolas paraibanas não atingiram as metas estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC). Com isso, a Paraíba ocupa o quinto e sétimo lugar, respectivamente, em relação às demais unidades da federação com os índices mais baixos. Já dos anos iniciais do Ensino Fundamental, apenas a rede privada ficou abaixo da projeção esperada.
Embora a Paraíba tenha superado a meta e evoluído em relação ao Ideb anterior no quesito anos iniciais do Fundamental, o índice ainda é negativo, ocupando o sexto lugar no ranking dos Estados com as menores notas do País. Nesse nível, apenas a rede privada não atingiu a meta. Já para o ciclo dos anos finais do Fundamental, que ficou abaixo do esperado, a rede estadual foi a que obteve o resultado mais baixo se comparado com as demais unidades públicas e privadas do Estado. A meta era 4,0, mas só teve 3,4 – uma diferença de 0,6. Isso representa a terceira menor nota dos nove Estados do Nordeste, ficando atrás apenas da Bahia que obteve nota 3,2 e o Rio Grande do Norte com 3,3.
Em relação ao Ensino Médio, a pesquisa mostrou que a diferença ainda é mais gritante para as escolas estaduais. Se a projeção do MEC para 2017 era de 4,0, o resultado foi apenas de 3,1. Isso coloca a Paraíba em quinto lugar no País com as menores notas, perdendo apenas para Bahia (2,7), Pará (2,8), Rio Grande do Norte (2,9) e Amapá (3,0). O Ideb é uma iniciativa do Inep para mensurar o desempenho do sistema educacional brasileiro a partir da combinação entre a proficiência obtida pelos estudantes em avaliações externas de larga escala (Saeb) e a taxa de aprovação, indicador que tem influência na eficiência do fluxo escolar. Essas duas dimensões, que refletem problemas estruturais da educação básica, precisam ser aprimoradas para que alcance níveis educacionais compatíveis com o desenvolvimento do País e com a Constituição Federal.
Destaques
O Ideb ainda trouxe a evolução de 2007 a 2017 de algumas escolas. Na Paraíba, três escolas, sendo duas municipais e uma estadual, se destacaram nos anos iniciais do Ensino Fundamental. A Municipal de Ensino Fundamental Matilde Castro Bandeira, de Pombal, obteve nesse levantamento nota 7,3. No passado, em 2005, essa mesma unidade de ensino teve nota 3,5. Outra municipal foi a Padre Antonino, de Campina Grande. No Índice atual, a nota foi de 6,5. Já em 2007, a nota foi de 2,8.
Na rede estadual se destacou a João Úrsulo, em Santa Rita, que obteve 5,6. Em 2005, a nota foi de 3,5. Já nos anos finais do Fundamental, o destaque foi para a Municipal Josué Alves de Azevedo, em Brejo do Cruz, com 4,4; Estadual Antonia Araújo, em Patos, com 5,0 e Municipal Elizabeth ferreira da Silva, em Cabedelo, com 5,1.
Dados são irreais
Para a Secretaria de Estado da Educação (SEE), os resultados do Ideb não refletem de forma fidedigna a realidade da educação estadual, sobretudo no desenvolvimento do Ensino Médio. “Consideramos que o desenvolvimento do Ensino Médio se dá a partir da realização da ação estruturante de ampliação, reforma, revitalização de infra-estrutura, na formação de professores, intercâmbio internacional de estudantes e professores, laboratórios de matemática e ciências, oferta de cursos técnicos, incentivo à prática de esportes e de artes, além do fomento à educação integral com projetos flexíveis articulados à escolha dos alunos e seu projeto de vida”, afirmou o secretário Aléssio Trindade.
Ainda de acordo com o secretário, a Paraíba possui sistema próprio de avaliação (Idepb), articulado com um processo de ações e melhorias das escolas, como os prêmios Mestres da Educação e Escola de Valor. “Para nós a avaliação não é algo estanque, mas sim, um elemento dentro do processo de planejamento, que contribui para traçar estratégias que direcionem para o que consideramos ser o desenvolvimento do Ensino Médio”, afirmou, acrescentando que os resultados do Ensino Médio são refletidos no Enem. Pontuou ainda que o Ideb só avalia o desempenho em Língua Portuguesa e Matemática. “Diferente do Enem que considera todas as disciplinas do Ensino Médio e é processo seletivo para ingresso no Ensino Superior. Neste sentido, estamos em desacordo com a abordagem dos resultados publicados, uma vez que eles não refletem a revolução que a educação da Paraíba iniciou com a expansão do Ensino Médio Integral”, frisou.
Rede privada
Apesar das escolas privadas liderarem no ranking de aprovações em vestibulares e Enem, na avaliação do Inep, tanto nos anos finais do Fundamental quanto no Médio, as metas não foram atingidas. Segundo o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Paraíba (Sinepe), Odésio Medeiros, as escolas já estão pensando em rever conceitos no ensino. “Tudo depende da família, da participação dela na vida dos alunos, da cobrança. Estamos conversando e a ideia é chamar os pais. Sabemos que muitos alunos não querem estudar, vão porque são obrigados”.
Fonte: Correio da Paraíba