Com perspectiva de mudança do formato das Eliminatórias para a próxima Copa do Mundo de 2026, que será realizada nos EUA, Canadá e México, a Conmebol e a Fifa debatem com jogadores um novo cenário. Que tem um quê de retrô também.
Em grupo de Whatsapp e também num encontro virtual, capitães das seleções sul-americanas se interaram sobre a ideia de acabar com o sistema de pontos corridos – e 18 jogos – para voltar ao modelo de grupos para definir os classificados do continente sul-americano.
Pelo Brasil, o zagueiro Thiago Silva, um dos capitães de Tite – que também passa a faixa ao goleiro Alisson e mais costumeiramente a Casemiro e Marquinhos -, participou da reunião, realizada no fim do ano passado. Homenageado nessa sexta-feira no Maracanã, o zagueiro disse que não tinha ainda informação sobre o desenrolar das conversas, mas avaliou a possibilidade.
— Não são os 18 jogos, mas as viagens que fazemos. É uma quilometragem muito grande em relação aos europeus que jogam próximos entre si. Isso é um desgaste muito grande. Além do clima, totalmente diferente do que estamos acostumados na Europa. Ontem, eu e os companheiros, passamos um sufoco muito grande. Treinamos em Teresópolis, mais frio que o Rio de Janeiro. Isso pode prejudicar a performance. Se a gente pudesse encontrar, de alguma forma, um equilíbrio nessa viagens, com certeza facilitaria a nossa estadia e as nossas performances. Com certeza é um desgaste, ao meu modo de ver, desnecessário — comentou o jogador do Chelsea.
O grupo de mensagens foi criado durante a possibilidade de boicote à Copa América de 2021 – que terminou sendo realizada no Brasil após recuo das lideranças, que protestavam contra a desorganização da Conmebol – tem a participação de Lionel Messi, capitão da Argentina, Claudio Bravo, o goleiro capitão chileno, Marcelo Moreno, atacante e capitão da Bolívia, entre outros representantes de cada seleção.
— A gente teve uma reunião com a Fifa e parece que vai ter uma alteração no formato das Eliminatórias. Quem sou eu para mudar isso? A ordem vem lá de cima. A Fifa é quem decide, mas eu acho bom, válido, vai ser interessante, porque os jogadores não vão estar se deslocando muito tempo viajando e voltando para as seleções. Muitas vezes você vai (para a Seleção) umas quatro ou cinco vezes, como foi no ano passado. Você quase nem fica no clube. Eles querem reduzir e você ficar um tempo maior na seleção, mas você disputa mais jogos, então seria mais viável, não fica viajando e perdendo esse tempo — contou Marcelo Moreno, capitão boliviano e atual artilheiro das Eliminatórias, em entrevista ao ge.
O formato ainda não está definido, mas teria tempo de disputa bem inferior ao atual, que dura praticamente todo o ciclo entre uma Copa do Mundo e outra – de 2018 a 2022, com 18 rodadas, ida e volta em turnos. De acordo com as informações que os capitães dispõem, seria realizado em máximo de dois anos e possivelmente em sistema de grupos.
A mudança no modelo se assemelharia ao formato antigo das Eliminatórias até a Copa de 1994 dos EUA. Na ocasião, era um grupo com quatro seleções – pois o Chile havia sido suspenso pelo episódio da farsa do goleiro Rojas no Maracanã contra o Brasil nas Eliminatórias da Copa de 1990 – e outro com cinco. Colômbia liderou e se classificou no grupo A. Brasil e Bolívia passaram no grupo B. A Argentina, segunda colocada no grupo A, disputou a repescagem contra a Austrália e foi ao Mundial.
Em blog no “Uol”, o jornalista Marcel Rizzo, publicou mais detalhes sobre possível nova fórmula. Como serão 48 seleções, a disputa teria de oito a 10 rodadas, com dois grupos de cinco.
- Três seleções melhores classificadas de cada chave passaria direto para o Mundial
- Os dois quartos colocados disputariam eliminatória entre si para depois ir para a repescagem com seleções de outro continente e definir mais uma vaga.
O assunto volta à pauta no congresso da Fifa em Doha, onde dirigentes e treinadores se reúnem no Catar para acompanhar o sorteio e também debater assuntos relativos a futuras disputas e possíveis mudanças, como é o caso dos 26 convocados para esse Mundial de 2022.
Globo