Passado quase um ano após ser campeã do Big Brother Brasil 21, a paraibana Juliette Freire retornou a João Pessoa e realizou sua primeira grande aparição pública nesse sábado (2). A cantora abriu a sua turnê ‘Caminho’ com um show na capital paraibana.
O evento contou com a presença de milhares de fãs e personalidades, que prestigiaram a artista, como o ex-BBB Vyni.
A apresentação presencial da ex-BBB, que passou cerca de um ano se aperfeiçoando para se lançar oficialmente na carreira musical, movimentou a capital paraibana e as redes sociais neste fim de semana.
Em entrevista ao Programa Hora H, da Rede Mais Rádio, nessa sexta-feira (1), antes do show, Juliette deu detalhes da sua nova turnê, passou a limpo momentos emocionantes da sua vida e revelou momentos difíceis após a saída do programa Ela explicou como está lidando com esse novo momento rodeada de holofotes e também revelou sentir saudades da vida que tinha antes de ser famosa.
Confira a entrevista completa aos jornalistas Heron Cid e Wallison Bezerra:
– Você está voltando a João Pessoa, mas agora nos palcos. Em algum momento na sua vida isso havia passado pela sua cabeça?
Nem nos meus maiores sonhos eu poderia imaginar isso. Em um ano eu mudo minha vida completamente e virou uma cantora fazendo show. É muito louco isso. Nunca imaginei. Não tenho dimensão. Quando eu paro para refletir penso meu Deus, como é que pode. É louco, mas está acontecendo. Eu penso que não, mas tá gravado.
– Essa cantora sempre esteve aí ou nasceu desses tempos para cá?
Eu sempre gostei de música, mas nunca vi isso como profissão ou possibilidade. Sempre mantive os pés no chão. A única possibilidade na minha vida era estudar, passar no concurso, ser maquiadora, eram coisas mais palpáveis. A música era algo como sonho. Eu deixava só para o banheiro ou para a roda de violão com os amigos. Quando eu saí do programa e vi que as pessoas me enxergam como uma cantora eu me assustei, mas não tem como não abraçar uma carreira tão bonita e que faz tanto sentido para mim. Quando Deus coloca uma coisa bonita para mim eu vou lá, abraço e faço o melhor que eu posso.
– Sua marca tem sido o sotaque. Como você tem feito para preservar?
Eu não solto meu sotaque nem a pau. Eu tenho estratégias. A minha equipe é formada por paraibanos. Minha banda é de paraibanos. Eu moro com pessoas paraibanas. Então é como se você viajasse pro exterior e continuasse falando português o tempo inteiro. Não tem como… eu sei que com o tempo vai se misturando um pouco. Mas eu falo muito com meus amigos que tem meu sotaque e eu tenho 31 anos, eu acredito que já não tenho mais como perder agora e nem quero. Faço questão de ouvir muita música nordestina, vivo muito a cultura nordestina. Ela está presente todos os dias na minha vida. Quando as vezes sai um “txi” eu repito e digo “opa”, volto, repito e digo é “ti”. Eu corrijo (risos). Eu acho meu sotaque a coisa mais linda do mundo. Às vezes eu vou fazer publicidade e às vezes as pessoas dizem que falam só um pouquinho de outro jeito, aí eu não falo de jeito nenhum. É engraçado.
– Você criou um compromisso de usar sua visibilidade para ajudar as pesoas. Como tem sua relação com a família e com a parte social?
Eu sempre fui uma pessoa envolvida em causas sociais. Sempre tive uma preocupação pela minha história de vida. Eu venho de comunidade, minha família não teve acesso à saúde, educação. Eu tenho uma história marcada por muitas questões sociais. Onde eu me formei em direito na UFPB, além da teoria, eles têm essa causa social muito forte. Eu vivi isso na prática. Eu tento dar voz a causas que eu acredito, a ideologias que eu acredito. Eu tenho projetos. Toda sexta-feira a gente escolhe um projeto, uma entidade, alguma coisa para reunir, para ajudar. Meu show agora vai ser em prol das mulheres refugiadas. Eu vou procurar fazer isso com meus shows enquanto eu puder. Eu tento estimular todas as coisas que eu acredito através das minhas mídias que são muito grandes. São quase 34 milhões de pessoas ouvindo o que eu tenho a dizer, então eu tenho muito cuidado com o que eu falo. Seja política, social. Eu educo muito os adolescentes. Tenho um público adolescente muito grande. Então eu tento fazer com que não seja uma coisa superficial, egoísta, que não acrescente em nada a sociedade. Ainda não fiz tudo que eu gostaria, porque estou dentro de um furacão, mas faço o máximo que eu posso. Para a minha família eu tentei suprir moradia, educação, saúde. São coisas que sempre lutei para proporcionar. Acredito que é o básico. Mas estamos só começando. É só um ano ainda.
– Como é viver, como você mesma disse, dentro de um furacão?
É louco. Uma hora você para e tenta dizer “peraí” porque é muita coisa acontecendo. Tem uma enxurrada de informações, decisões, responsabilidades. Ao mesmo tempo você precisa viver, descansar, dar atenção a todo mundo. Eu tento administrar. É tipo malabarismo. Eu pego uma bolinha de lado. Aí corro, pego uma, pego outra e assim vai. Com muita fé e meditação.
– Do que Juliette sente mais falta de fazer que com essa nova rotina é praticamente impossível de fazer?
(Sinto falta) liberdade. O preço de uma vida pública. Você perde sua liberdade, sua autonomia. Eu não posso fazer o que eu quero na hora que eu quero. Tudo tem uma consequência. A liberdade de dizer “agora eu vou tomar um açaí, agora eu vou num restaurante, agora eu vou numa praia, agora eu vou num show, agora eu vou conversar com meu amigo, tomar um café na praça, qualquer coisa”, isso eu nunca mais… eu posso até insistir, mas vai dar um trabalho grande. No momento eu não to com energia pra isso. Aqui há um tempo eu vou conseguir fazer isso como antes porque isso sempre me fez muito bem, muito feliz, não quero perder.
– O que significa a fé para você?
Se não fosse minha fé eu não aguentaria tudo que já vivi nessa vida. Tenho histórias grandiosas de fé e de milagre na minha vida. Eu seria burra se eu não tivesse fé. Minha vida é uma prova de fé. Tudo isso que aconteceu comigo. Tudo que eu consegui conquistar mesmo com todas as adversidades. Toda essa força que vinha eu não sei de onde. Passei por um problema de saúde muito grande agora. Descobri que estava tudo bem, que eu não tinha um aneurisma. Então eu fui para a sala de cirurgia fazer um cateterismo para colocar uma prótese no cérebro e simplesmente não foi necessário. Antes disso, minha história com minha irmã, com minha fé, com minha mãe. Hoje as coisas se encaixam de uma forma que eu não entendia. Parece que Deus está sorrindo e dizendo “era por isso”. Não porque fiquei rica, famosa ou qualquer coisa do tipo, mas de sensação, de chegar num lugar e dizer “era aqui que eu precisava estar”. Era por isso que eu passei a passar por tudo que passei e ter essa consciência que tenho hoje e poder passar isso para todo mundo.
– Você se emocionou muito durante o programa. O que continua mexendo com você nessa vida nova?
Minha fé é uma das coisas que me emocionam muito. É algo que sai do meu controle. Não consigo ter um pingo de razão quando o assunto é espiritualidade. Eu sinto muito a presença de Deus na minha vida através dos fãs, através de pessoas, o tempo inteiro. É o que mais me toca. O quanto as pessoas são carentes de afeto. O quanto elas só querem uma palavra. O quanto elas só querem atenção. Com o tempo a sociedade vai ficando dormente a isso. A gente vai naturalizando coisas tão pequenas. Quando encontro pessoas assim é impressionante o quanto elas só querem atenção e carinho. Então eu digo “meu Deus, onde a gente se perdeu enquanto humanidade? Quando foi que a gente perdeu esse senso de empatia?” Essas coisas me tocam muito. Os fãs, o que eles fazem, a forma que eles se preocupam, emociona muito. No meu show no rio eles tiveram atitudes que eu ficava sem atitude. Eles lembram a frase que minha irmã postou antes de morrer. Eles levam cartazes com essas frases. É como se eu me comunicasse com eles através das coisas mais bonitas que eu tenho. Eu tenho vivido um sonho de fé e de amor muito bonito.
– Sua turnê “caminhos”, que pegada ela tem? O que tem do coração de Juliette nessa turnê?
Eu faço todo um caminho que vem das minhas raízes na música nordestina, na MPB, até as músicas mais pops, mais dançantes, que trazem a minha personalidade, sempre com algo que mostre algo que eu quero falar da música. Então é como se ele traçasse uma linha do tempo que não tem ordem, mas tem sentido. Eu falo de dores, eu falo de alegria, eu falo de feminismo, eu falo de ansiedade, eu falo dos grandes ídolos da música nordestina, eu bato no peito e falo do Nordeste, como eu tenho feito desde então. É o meu caminho. É como se as músicas tivessem sido contadas através do que me formou e o que eu quero seguir fazendo.
– Os partidos estão perseguindo gente que tem muito seguidores e potencial político. Recebeu muito convite para entrar na política?
Recebi, mas não muito. Já deixei muito claro que não é uma pretensão minha. Eu me preocupo muito com a sociedade, mas acho que posso fazer muito mais do lado de ca. Não quero nada que me prenda, nada que me aprisione. Eu sei que essa política faz isso, na minha opinião. Não é uma pretensão e eu rejeito instantaneamente. Eu acho que posso acrescentar mais do lado de cá. Eu prefiro ser povo.
– Deus me proteja de mim é um xodó seu?
É uma oração. Está no meu show. Tenho muito orgulho dessa música. É como Chico (César) diz que a cada dia eu me aposso mais dela. Quem dera essa música fosse minha. É linda, está com um arranjo novo e as pessoas cantam de uma forma muito bonita.
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Fonte: MaisPB