Vagas são para mulheres ou homens em cargos temporários, com até oito anos de duração, ou efetivos nos cargos de pedreiro, carpinteiro, mestre de obras, auxiliar administrativo, além da carreira por concurso público
Em tempos de crise econômica, alta dos preços e demissões, os brasileiros possuem uma alternativa de emprego pouco conhecida, mas que pode gerar salários que ultrapassam os R$ 10 mil por mês. As oportunidades surgem ao longo do ano para diversos cargos, nos níveis fundamental, médio ou superior, através de concurso público, alistamento ou seleção de currículo promovidos pelo Exército Brasileiro.
As vagas são para mulheres ou homens em cargos temporários, com até oito anos de duração, ou efetivos nos cargos de pedreiro, carpinteiro, mestre de obras, auxiliar de pedreiro, auxiliar administrativo, odontólogo, engenheiro civil, engenheiro ambiental e outras áreas de formação. Os salários variam entre R$ 1,3 mil e R$ 6,5 mil para estes cargos.
Um dos locais onde são disponibilizadas as vagas é o 1º Grupamento de Engenharia do Exército, que fica na avenida Epitácio Pessoa, em João Pessoa. O grupamento é responsável por fiscalizar, coordenar e acompanhar todas as obras e serviços de engenharia militar da região Nordeste.
O soldado Denilson Alves exerce a função de auxiliar administrativo há pouco mais de dois anos no 1º Grupamento de Engenharia. Segundo ele, a escolha pelo Exército se deu desde pequeno e amadureceu com a adolescência, unindo a vontade de seguir carreira militar e a possibilidade de conseguir estabilidade de emprego.
“Entrei no Exército através do alistamento. Passei por algumas provas básicas e fui encaminhado para o 1º Grupamento, onde fiz testes físicos e fui aprovado. Sempre admirei a vida militar e consegui o meu objetivo de servir ao Exército”, contou o soldado.
No 1º Grupamento de Engenharia, Denilson trabalha com protocolos, cartas e listas de postagens, mas também realiza atividades físicas e passa por treinamento de armas. Para ele, a vida militar, aliada à estabilidade financeira, é uma conquista importante.
“Minha renda mensal está em R$ 1.255. Fora o auxílio transporte e a alimentação que é dada no quartel e é muito boa. Minha família me apóia e pretendo seguir carreira militar”, afirmou o soldado.
Tenente teve currículo selecionado
Quem também escolheu a vida militar foi o tenente Breno Tavares, que exerce o cargo de engenheiro ambiental. Formado em Engenharia Ambiental, com pós-graduação em solo e água, o tenente chegou ao Exército através de uma seleção de currículos para cargo temporário.
Segundo o tenente, amigos de faculdade que se formaram junto com ele estão passando por dificuldades e não encontram emprego no mercado. Com isso, a opção pela vaga no Exército, mesmo que temporária, vem garantindo uma boa remuneração, acúmulo de experiência e satisfação de trabalho.
“Surgiu uma vaga assim que eu me formei em uma pós-graduação. A inscrição foi feita online e ocorreu por meio de apreciação de currículos. Consegui ser aprovado. Neste tempo de crise, tenho amigos engenheiros que estão com dificuldades de conseguir emprego na área de engenharia e para mim está sendo bastante satisfatório. Estou trabalhando na área de engenharia, ganhando experiência na função e um salário relativamente bacana”, contou o tenente.
Como engenheiro, tenente Bruno conta com alimentação fornecida pelo Exército, além de auxílios e uma renda líquida mensal em torno dos R$ 6,3 mil. Mas, como exerce um cargo temporário, Bruno contou que deve deixar a carreira militar até completar os oito anos de serviços.
“Por enquanto não existe a possibilidade de eu seguir no Exército, pois não há essa carreira ainda no Exército. Existe a de engenheiro civil, mas não de engenheiro ambiental. Hoje o que posso fazer é ganhar experiência nas obras de cooperação que a gente trabalha e pegar essa experiência para utilizar lá fora, tanto em concurso na área pública como em empresas privadas”, disse tenente.
Carreira após concurso
Além do alistamento tradicional e da seleção de currículo para vaga temporária, a entrada no Exército pode ser feita através do concurso público, que acontece sempre que surgem vagas para cargos de carreira.
Um dos que conseguiu passar em concurso e serve ao Exército é o capitão Milanez, assessor do 1º Grupamento de Engenharia em João Pessoa.
“Estou no Exército há quase 18 anos. Faço parte do quadro efetivo, do pessoal de carreira. É um pessoal que faz um concurso de nível nacional e entra para as escolas de formação do Exército. No meu caso, fiz o concurso em 1997, entrei no Exército em 1998 para a Escola de Cadetes do Exercito, em Campinas (SP)”, disse o capitão.
Aprovado, o capitão passou cerca de um ano na Escola de Cadetes e mais quatro anos servindo na Academia Militar das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro, onde conseguiu se formar como bacharel em Ciências Militares, e seguiu carreira como oficial do Exército.
“O que motivou na época foi a oportunidade de independência. Eu estudava para vestibular e na época o concurso do Exército foi mais uma das opções. Eu não conhecia muito da carreira, mas quando entrei me identifiquei e vi as peculiaridades de treinamento físico, de disciplina, de responsabilidade, de camaradagem, de amizade e a estabilidade que o concurso e a carreira me proporciona de ganhar um salário mensal que gira em torno de R$ 10 mil bruto e de R$ 7 mil ou R$ 7,3 mil líquido mensais”, contou o capitão.
O capitão iniciou o trabalho no 1º Grupamento de Engenharia em 2015. Para ele, a oportunidade de conseguir um emprego no Exército pode auxiliar no combate à crise financeira.
“É mais uma opção de combater a crise que o País vive. Apesar de não ter os salários tão atrativos como em outros concursos públicos, é também uma garantia de estabilidade, de bom emprego e, principalmente, acima do salário nós temos a questão de servir em uma instituição de alta credibilidade na sociedade, que você sente orgulho de participar”, falou capitão Milanez.
Prazos de seleção e exigências
As seleções de currículos e o concurso acontecem sempre que surgem vagas disponíveis nos quartéis. Para concorrer, o candidato deve ficar atento aos editais lançados pelo Exército.
“As vagas dependem da necessidade. Assim que são aprovados, os alunos passam por um estágio de dois ou três meses de adaptação à vida militar, na qual eles vão aprender a marchar, a atirar, a fazer exercício físico… A partir desse estágio de formação simples eles já entram atuando na área”, falou o capitão.
Já o recrutamento é feito através do alistamento militar obrigatório para homens maiores dos 18 anos de idade. Os interessados de ingressar na carreira militar a partir dessa via devem obedecer a critérios impostos pelo Exército, como ter boa saúde e não ter limitações físicas, por conta das atividades executadas.
Portal Correio