O presidente Jair Bolsonaro discursou neste domingo (19) durante um ato em Brasília que defendia medidas ilegais, como a intervenção militar.
O discurso ocorreu em frente ao Quartel General do Exército e na data em que é celebrado o “Dia do Exército”.
Dezenas de simpatizantes se aglomeraram para ouvir o presidente, contrariando as orientações dadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar a propagação do coronavírus.
Essa foi a maior aglomeração provocada pelo presidente desde o início da adoção de medidas contra a pandemia no Brasil.
Pouco depois, Bolsonaro postou em uma rede social um trecho do discurso em que diz aos manifestantes:
“Eu estou aqui porque acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil.”
Entre os apoiadores do presidente, alguns carregavam faixas pedindo “intervenção militar já com Bolsonaro”. As faixas tinham o mesmo padrão e pareciam ter sido feitas em série.
Até as 15h50, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) não haviam se manifestado sobre o discurso do presidente.
Bolsonaro discursou de cima de uma caminhonete. Ele voltou a criticar o que chamou de “velha política” e disse que “todos” precisam entender que estão “submissos à vontade do povo brasileiro.”
“Todos no Brasil têm que entender que estão submissos à vontade do povo brasileiro. Tenho certeza, todos nós juramos um dia dar a vida pela pátria. E vamos fazer o que for possível para mudar o destino do Brasil. Chega da velha política”, afirmou.
O presidente também disse que “acabou a época da patifaria” e que ele e os apoiadores não querem “negociar nada”.
“Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Nós temos um novo Brasil pela frente. Todos, sem exceção, têm que ser patriotas e acreditar e fazer a sua parte para que nós possamos colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder.”
Bolsonaro afirmou aos manifestantes que podem contar com ele “para fazer tudo aquilo que for necessário para que nós possamos manter a nossa democracia e garantir aquilo que há de mais sagrado entre nós, que é a nossa liberdade”.
Mais cedo, os apoiadores de Bolsonaro fizeram uma carretada por Brasília e passaram na Esplanada dos Ministérios, onde também fica o prédio do Congresso.
Demissão de ministro e embate com governadores
Na semana passada, Bolsonaro demitiu o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, depois de embate público envolvendo medidas de restrição social para combate à pandemia do novo coronavírus.
Contrariado pela defesa de Mandetta das medidas de isolamento pregadas pela OMS, nas últimas semanas Bolsonaro fez passeios por Brasília, que geraram aglomeração de pessoas.
O presidente também tem criticado governadores que adotaram medidas de restrição de movimentação de pessoas, entre eles o de São Paulo, João Doria, e o do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
Bolsonaro chegou a editar uma Medida Provisória para concentrar o poder de aplicar medidas de restrição durante a pandemia. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os estados também têm poder para aplicar regras de isolamento.